segunda-feira, 6 de maio de 2013

As duas estrelas que brilham de dia...

Abraços, braços calmos, vezes quente, vezes rasos. Vezes frio, vezes profundos, teus abraços.
Tenho tido mais do que preciso, mas nunca é o bastante. 
Quando tenho tudo o que tenho, me desfaço de tudo, volto a ter o que eu sempre tive, nada. 
Ter autocompreensão nunca foi fácil, nem para quem tenta, nem para quem vive tentando me compreender. 
Saudade é um sentimento puro, mas também egoísta, só se sente saudade sozinha, casas separadas, tristezas solteiras. 
Nunca compreendida, saudade é algo que se alimenta da escuridão, se desatina no meio da noite, sempre muda, em silêncio, para não acordar ninguém. Saudade se vive sozinha, me deixem em paz. 
Ninguém além de mim mesma enxugará as minhas lágrimas com tanta eficiência como as minhas mãos tremulas. 
Hora triste, hora feliz, para que servem mesmo as lágrimas? 
Para que serve o mar se não existisse os peixes nem os humanos? 
Para que serve a chuva se não houver nada do que se molhar? 
Para que serve o amor, se as pessoas não sabem amar? 
Para que serve a mim mesma, se não houvesse ninguém para amar? 
Gosto de quando o silêncio sopra em meus ouvidos bem baixinho, me conta tudo aquilo que eu não pude escutar lá fora, naquele barulho. Gosto de quando esse mesmo silêncio me traz você. Gosto de quando ele me afoga em lembranças. Gosto de viver em silêncio. E é por isso que eu acho que eu também deva gostar de sofrer.
Sempre estive dividida, pensamentos divididos, opiniões divididas, sentimentos divididos. Ás vezes quando algum desses sentimentos quebram a fronteira que os divide, e tudo se bagunça, caio em felicidade, caio em saudade, me afogo em pensamentos, me vem uma solidão covarde, coragem, e eu já não sei mais como me controlar, caio em silêncio. Pois assim ninguém saberá da existência de nenhum desses fatores, e consequentemente, não poderiam toca-lós. Não poderiam me bagunçar. 
É preciso apenas uma palavra para destruir anos de pensamentos, proteja a sua mente das palavras traiçoeiras com o silêncio. Eles não podem destruir o que não sabem que existe. 
A minha alma é pura, criada no mais profundo silêncio dos meus pensamentos, forte como a minha esperança, bonita como um sonho curto e bom. Livre como os pássaros que agora cantam lá fora, anunciando a chegada do Sol. 
Você vem, rouba meus sonhos tão frágeis, um crime brutal, mas inocente e bonito. Assim como quem rouba para alimentar um filho. 
Vem de repente, me prende pelo tornozelo, me arrasta pelo asfalto quente, mas depois me poe em teus braços e cura as minhas feridas. Me ferindo, mas também fere a si mesmo, só para eu não me sentir indiferente, sangrando sozinha. Tua maldade se transforma no mais perfeito carinho.
Mais pareço uma presidiária, tendo você como carcereirp, aquele que na tua fome se satisfaz de mim de corpo e alma. 
A pior maneira de privar alguém de sua liberdade é a prendendo mentalmente, nem com as chaves dessa cela eu ousaria em partir, meu crime seria me distanciar de ti, disso nem eu mesmo me perdoaria. 
Hoje o Sol acordou sorridente, nem parece que é o mesmo que um dia vai nos matar. Um céu azul, nuvens tão brancas que nem parecem que são apenas fumaças d'água. 
Amanheceu e quando olho da minha janela restaram apenas duas estrelas, talvez as únicas, será que foram esquecidas? Ou só perderam o rumo de casa. Talvez essas duas estrelas representem nós dois, sempre desafiando o improvável para existir. Elas estão ali apenas porque querem, nem vão precisar dar explicações quando chegarem em casa fora do hora. Hoje o céu é inteiramente delas, espero que não fiquem ali por muito tempo, não quero dividi-lás com mais ninguém, são minhas. Todos ainda estão dormindo, agora elas são apenas belezas individuais, feitas só pra mim que ainda estou acordado. Quem me dera poder ter você aqui comigo, seria o único no mundo inteiro com quem eu ousaria compartilhar o céu. Não caberia mais ninguém nesse infinito além de eu e você. 
Uma das estrelas parece brilhar mais que o Sol, brilho assim eu só pude ver quando te vi pela primeira vez. Era o mesmo brilho dos teus olhos. 
Agora percebo que as estrelas estão se apagando, pouco a pouco vão se confundindo com o azul do céu, sumindo em meio as nuvens que passam diante dos meus olhos, atrapalhando a minha visão. 
Talvez você esteja acordando, talvez nós fossemos aquelas estrelas, talvez agora eu nem esteja mais aqui, quero desaparecer junto a elas. Talvez essas estrelas estiveram me observando a noite inteira, talvez aquelas estrelas sejam o brilho dos teus olhos a me observar...


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